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Como você iniciou no mundo do vídeo? Como era o mercado na época?

Eu iniciei no mundo do vídeo porque o surf me levou a isso. Tenho um grande amigo - o Mickey Bernardoni, e ele lá na década de 90 já filmava suas sessions de surf com uma câmera VHS e também já editava as suas vídeos partes e eu acabei pegando esse gosto de uma forma orgânica. Nós íamos revezando e enquanto um estava filmando, o outro estava surfando, era muito divertido e até hoje ainda rola o revezamento. Sou muito grato a ele e ao surf que me colocaram nesse universo dos vídeos.

Na época, o mercado era totalmente outro e não era acessível como agora, os equipamentos eram bem mais caros. Esse primeiro período desde o meu começo, até eu me profissionalizar mais, deve ter durado quase dez anos. O grande divisor de águas, na minha opinião, foi quando chegaram as DSLR para filmar, isso abriu muitas portas e deu uma grande bombada de filmmakers por todos os cantos.



Quando iniciou o projeto “Levoyage”? Conte-nos um pouco sobre o projeto que agora se tornou “Un voyage” em parceria com o Loïc que também já entrevistamos por aqui. (Clique aqui e confira a entrevista com Loïc Wirth)

O projeto “Levoyage" iniciou por volta de 2013. Eu queria deixar mais segmentado o meu trabalho autoral de moda, ter um espaço e um site só para isso. Nessa época eu estava em transição, fazendo os filmes de surf, mas abrindo a cabeça para outros tipos de trabalhos e a moda sempre me atraiu de certa forma pela liberdade criativa, então pensei, vou começar a fazer alguns editoriais de moda com outros fotógrafos/fotógrafas e videomakers.

O “Un Voyage” é um projeto que vem de muitos anos atrás. Eu e o Loïc temos uma sinergia muito verdadeira e já mentalizávamos, talvez sem saber direito quando e como, que um dia iria acontecer e agora nasceu. Estamos formando um duo de direção para a produtora Untitled e estamos muito felizes e ansiosos para botar nossas ideias juntas em prática. Será uma nova fase em nossas vidas.


Seus vídeos são sempre muito conceituais. Como é o processo de criação do conceito dos vídeos? De onde vem suas inspirações e ideias?

O conceitual sempre precisa de um pensamento maior, as ideias não vem do nada e exige também um tempo de pesquisa e estudo para chegar em algo conceitual. É um trabalho em equipe, uma troca de todas as áreas. Esse processo de criação normalmente envolve vários dias de pré-produção em equipe, mas são casos e casos, às vezes não tem tanto tempo de pré e outras vezes a ideia já vem mastigada e aí, só é preciso executar, variando bastante de trabalho para trabalho, mas uma pré-produção bem executada é certeza de um vídeo bem feito.

Você inova em seus trabalhos trazendo cada vez mais pós-produção e animações aos vídeos, como tem sido esse processo? Como surgem essas ideias?

Não sei se estou inovando, tem tanta gente boa no mercado fazendo coisas incríveis e isso é muito legal que eleva o nível e a galera está sempre pilhada em tentar fazer algo diferente. As ideias de pós-produção são uma troca de inspirações com a galera da pós e é resultado desse trabalho em conjunto, tanto de trazer as referências, como possíveis caminhos para chegar no resultado de cenas mais específicas.  Às vezes, acontece de a própria galera da pós-produção ir no set dar uma força quando são cenas mais complexas.



Você gosta muito de usar câmeras de filme antigas. Quais são as vantagens e desvantagens de trabalhar com esse tipo de equipamento?

Não sei se consigo ver desvantagens, hehehe… Sou muito apaixonado pelas imagens em película, o digital não me atrai tanto quanto o analógico. Todo o processo do analógico me atrai muito, parece que damos muito mais carinho e valor ao processo todo, como se existisse uma poesia por trás. O analógico tem todo um pensamento antes de dar qualquer “rec", e o fato de ser algo que não vai sair pronto na hora me atrai. Pode botar uma imagem digital de Alexa ou Red, ou qualquer outra câmera digital e eu vou sempre preferir as imagens analógicas, para mim ainda não existe algo mais belo no cinema que isso, que uma bela fotografia toda em película.

Quais são suas próximas metas? O que você gostaria de rodar que ainda não teve a oportunidade ou o tempo necessário? E quais são alguns dos seus trabalhos que sente mais orgulho?

Estou tentando fazer metas com prazos curtos, hehehe… Para esse ano eu gostaria muito de fazer mais vídeos clipes, contar histórias reais que eu me identifique e quem sabe fazer algum curta metragem. Gostaria muito de um dia rodar um longa, mas isso ainda vai levar mais alguns anos de estudos, vidas no set e ter um tempo necessário para se dedicar somente a isso.

Os trabalhos que mais sinto orgulho são os que estava vivendo num período de transições de trabalhos. Talvez seja o “Paisagens Internas” da Haight - que filmamos todo em Super 16mm, o “Bolovo Studio” da Bolovo que foi uma releitura da estética de um grupo de arquitetos e designers - criado na Itália dos anos 60, chamado de “Super Studio”, e o vídeo clipe do Rico Jorge que foi um resgate da cultura do Boi Bumbá, algo que está se perdendo na cultura alagoana e que é passado de geração para geração.


Como você vê o mercado nesse momento de pandemia e futuramente quando tudo isso passar?

Vejo o mercado de filmes se moldando a nossa nova realidade, tendo que se habituar e entender o caminho mais seguro para conseguir produzir. Futuramente, eu acho que não temos um horizonte ainda bem definido, será mais um ano imprevisível até termos pelo menos, toda a população imune. Mas, para além do momento de pandemia, eu percebo o mercado se transformando, sendo mais inclusivo, contando histórias mais diversas e reais, o que me instiga cada vez mais a participar desse processo.